quarta-feira, 8 de outubro de 2014


A Liberdade


Acabei de publicar um texto que postei na minha linha do tempo no facebook, no dia das mulheres deste ano. E explico porquê... Cada dia que passa, vejo o quão nós mulheres somos oprimidas. Não somente por machismo, mas por outras mulheres, por modas, por "achismos".

Eu fico aqui em casa todo santo dia, o dia todo praticamente vendo tevê... claro que tenho meus afazeres, minhas encomendas e vida social! E assisto muito ao canal Discovery Home&Health, e em sua grade tem muitos programas sobre mudanças de estilo... Tá, e o que que uma coisa tem a ver com a outra? Assistam que vcs vão entender... kkk

E, vendo esses programas cheguei a conclusão que nós mulheres nunca estamos satisfeitas com nada! Nesses programas aparecem mulheres lindíssimas, com corpos lindos, cabelo maravilhoso, algumas com ótimos empregos ou posição social, e o que elas mais tem um comum? São infelizes, insatisfeitas... Por quê? Porque em algum momento da vida elas tiverem problemas, sofreram algum trauma, foram diminuídas, passaram por crises financeiras... poderia ficar aqui e citar inúmeros exemplos...

E, depois de terem passado por qualquer que tenha sido a dificuldade, elas não sentem-se seguras, não sentem-se bonitas, sensuais, charmosas, dignas de cuidados, dignas de se amarem e serem amadas!

Eu sou uma dessas mulheres! 

Nunca me vi digna de presentes, de cuidados com a beleza, de compras, etc.
Sempre achei que se eu fizesse uma dessas coisas, pensariam que sou uma pessoa fútil, influenciável. Sempre preferi os livros e as músicas! Me sinto segura! 

Porém, quanto menos cuidamos da gente, mais deixadas de lado nós somos!
Não apenas por marido, namorado, peguete... kkk Mas pela sociedade, em geral. Exemplo: numa entrevista de emprego, nem sempre suas qualidades são levadas em consideração, muitas mulheres já são eliminadas pela aparência, e não estou falando vestimenta, falei aparência - maquiagem, cabelo, batom, magra, sorriso, etc. Na academia, o instrutor dá mais atenção para a gordinha que precisa eliminar peso, ou pra gostosa que quer aumentar a coxa e glúteo? 

Enfim, o assunto aqui é "A Liberdade", então por que eu falei esse monte de baboseira? Para entenderem o por quê de deixarmos nossa vaidade de lado... A vaidade torna-se fardo ou luxo quando não estamos com nosso eu em harmonia. Hã? 
É isso mesmo! Quando a gente tá com nosso emocional abalado procuramos passar desapercebidas ou chamamos muito a atenção. Na verdade, é uma complicação geral! kkk

Já fugi dA Liberdade de novo!
Foco!
Quando estamos livres das amarras causadas pelos traumas ou do conceito de beleza imposto pelo mundo, a gente se ama sem medo, se entrega sem medo, se cuida sem medo... E ficamos cada vez mais livres! 

E, pra quê serve essa tal liberdade?
Serve pra ser feliz sem máscara! 
Sim, porque td mundo no mundo usa máscaras! Sim, até aquela atriz, e aquela modelo, isso, e aquela cantora... Ou vc acha que dá pra ser sorridente, alto astral, glamourosa o tempo td? Ah, fala sério... 
A tal da dona liberdade serve pra gente fazer o que tem vontade sem medo de ser tachada ou apontada ou julgada... Porque isso td vai rolar mesmo... Mas "livre" a gente nem liga pras pequenezas... 

Quando eu era prisioneira do meu passado, eu vivia cheia de neuras (não que eu não tenha várias neuras aqui dentro), de medos de não ser aceita, de não ser querida, de não ser o bastante. Mas, hoje, livre, eu sou despreocupada dos achismos dos outros... Que se dane! Sou livre pra me amar do jeito que sou: baixinha, gordinha, dentuça (sou a Mônica), queixuda, bocuda, peituda, barriguda, louca das ideias, com risada esquisita, com língua grande (de tamanho, não de fofoca), com cabelo rebelde, com nariz pontudo... kkk chorona, sentimental d+, sensível d+, que ama d+... 

Hoje que sou livre, digo os nãos e os sims que eu quero! Hoje que sou livre xingo qdo quero! Amo quem eu quero! Visto o que eu gosto! Compro o que dá na telha! Uso batom vermelho! Uso decotes! Uso shorts! Bebo até cair (ou colocar td pra fora... eca... kkk)! Tô nem aí! Quem quiser gostar de mim, saiba que eu sou assim: intensa! Se não vai com a minha cara? Azar! Sou uma pessoa da hora! Sou livre!


Acho que já chega! Sou livre pra acabar com meus devaneios a hora que eu quiser... kkk

Beijos!
Quel


kkk essa música não tem nada a ver... mas coloquei mesmo assim...


essa melhorou!


Livre


* texto publicado em 08 de março de 2014 em meu perfil no facebook


é longo; é confuso; é real; é desabafo; é libertador...

pode conter erros de ortografia...



aos 12 anos, já mocinha, no início do inverno, época de festa junina/ julina, fui a uma destas festas... com uma calça de cintura baixa e uma blusa que, dependendo do movimento que eu fazia, deixava meu umbigo a mostra... como era inverno, assim que anoitecia já ficava bem escuro... num determinado momento resolvi vir embora, mas um rapaz de confiança ofereceu carona a mim e outros amigos... como ele era conhecido de todos, de confiança, aceitei sem problemas... seguindo seu próprio itinerário ele foi deixando um a um e eu fiquei por último, até aí nem um problema, eu o conhecia, conhecia sua família, era de confiança... de repente notei que o trajeto que ele fazia não era o ideal para chegar a minha casa... e ele parou o carro...



antes que eu pudesse pensar em algo, ele estava em cima de mim... ... ... enqto me molestava, eu fechei os olhos e pedi: “Mãezinha do Céu, me tira daqui”... naquele instante explodiu em mim uma força que eu não conhecia, o agredi e consegui fugir... corri, corri, corri, sem olhar para trás, para os lados, só corria, queria estar longe... corria e chorava, dolorida, machucada, sozinha... próximo da minha casa havia uma viela, não era asfaltada, era cheia de pedras, entulho, lixo, eu tropecei e cai, e chorei ainda mais, finalmente olhei para trás e não havia ninguém por perto; levantei, enxuguei as lágrimas e segui para minha casa... 

na época, meu pai estava com câncer em estado terminal...

qdo cheguei em casa minha mãe questionou minha cara de choro e eu falei que cai na viela e machuquei os joelhos, bendita viela, bendito tombo (rs.rs.rs)... 
eu queria tomar um banho, mas naquela época o banheiro era fora de casa e como estava frio, minha mãe não quis que eu tomasse um banho quente e sair na friagem em seguida... então fui para o quarto e cuidadosa e rapidamente tirei a roupa... além dos joelhos levemente ralados (porcaria de calça...rs.rs.rs), alguns pequenos hematomas nas coxas, outros nos braços e enormes marcas nos peitos... a vontade de chorar era grande, mas resisti... não dava pra chorar copiosamente por causa de um tombo... coloquei meu moletom e me deitei... bendito inverno... todos foram dormir; entre um gemido e outro de dor do meu pai, eu chorava silenciosamente agarrada ao meu travesseiro e a uma boneca de pano... no dia seguinte, no banho, pude ver o estrago: os hematomas, antes pequenos, agora eram enormes e quase pretos, doíam com um leve toque, meus peitos estavam muito doloridos, parecia um grande hematoma, pequenas marcas e feridas de mordidas... me senti parte do entulho e lixo da viela em que cai no dia anterior...

meu pai cada vez pior, eu não dormia e chorava com frequência, ninguém fazia perguntas, todos tínhamos motivos para chorar a todo momento... ... ... meu pai faleceu em 12/08/1994... ... ...

eu me sentia culpada pelo que eu sofri... pq escolhi aquela calça, aquela blusa, pq aceitei carona, pq confiei??? era minha culpa, eu deixei que acontecesse, minha culpa, minha culpa... vivi assim, me sentindo culpada durante anos e anos... insônia, pesadelos... pesadelos e insônia... tristeza, culpa... culpa, tristeza...

anos mais tarde, durante um tratamento no Hospital das Clínicas, fui encaminhada para fazer terapia psicológica, e quase um ano depois, consegui falar para a psicóloga sobre o que tinha acontecido e durante várias sessões de terapia nós fomos trabalhando “essa minha culpa”, e consegui perceber que eu não tinha culpa!!! eu era uma criança, ele era um rapaz, que se aproveitou da minha ingenuidade e confiança... EU NÃO TINHA CULPA! 

sabe o que é descobrir que a culpa não é sua? é um alívio sem tamanho, é uma alegria, uma descoberta de si mesmo... a partir daquele dia, eu consegui falar a respeito com outras pessoas... não, nunca ninguém soube, não tinha coragem de falar sobre isso, ver reportagens sobre isso me feriam constantemente, mas não me abria, era o meu “tabu”...

graças a Deus, eu tenho uma pessoa ao meu lado, que me apoia, me ama, me completa... qdo eu contei para meu marido, eu me libertei de uma escravidão... 

mas pq eu tô expondo isso assim, numa rede social, com amigos íntimos e outros só virtuais? pq hoje eu sinto necessidade de expor minha “experiência”... de repente minha história pode ajudar outra mulher que passou por isso e ainda sente-se um lixo... mas, principalmente, para alertar as mães e futuras mães de meninos: eduquem seus filhos para o amor, para o respeito, para o carinho... claro que nem todos os casos de violência sexual, física e moral cometidos são por falta de afeto, há muitos casos que é apenas uma má formação de caráter... ainda assim, amem seus filhos e o ensinem a amar... observem, qualquer mudança de comportamento de seus filhos (aqui, independente do sexo da criança), eles podem ser vítimas de um agressor... 


obs.: fui molestada e não estuprada (molestar é quando há abuso ou incômodo sexual, tocar na pessoa sem consentimento dela, estupro é  o ato sexual consumado mediante a força ou ameaça contra vida.)
obs. 2: diga não a violência sexual, física, moral, infantil...


Bitocas
Quel