sábado, 21 de junho de 2014



Pombo Correio 

Acordei um tanto saudosista hoje, sonhei com meu pai. Um sonho muito bonito. Ele estava fazendo uma das coisas que eu mais admirava em vê-lo fazer: escrevendo cartas...

Ele fazia quase que um ritual: separava um caderno universitário, duas canetas Bic azuis (tinha que ser Bic), folhas de papel almaço, envelopes, caderninho com os endereços, selos, régua... Era sempre, mais ou menos, no mesmo horário: entre 13h e 15h, o sol entrava pela porta e janela da sala e iluminava todo o ambiente... Tirava a toalha somente até a metade da mesa, usava um paninho úmido para limpar a superfície, e ajeitava tudo... Punha os óculos e começava a escrever para os familiares distantes. Escrevia o rascunho no caderno, depois passava a limpo para o almaço, dobrava milimetricamente a folha, envelopava e selava... 

Era um momento tão mágico, tão lindo! 

Eu sonhava que seria uma "escritora de cartas".

Mas, hoje, toda essa tecnologia tem nos afastado das canetas e papéis, e ouso a dizer: dos sentimentos... Não que deixamos de sentir saudades, amor, carinho por nossos queridos familiares e amigos, mas a tecnologia nos deixou um tanto frios, mandamos e-mails, mensagens de texto, que são rápidos, nos poupam tempo... Mas o que fazemos com esse tempo poupado? Não encontramos mais os amigos, não saímos para passear com a família, não fazemos visitas...

Lembro que no primário eu trocava cartas com uma amiga, lindas cartas, ela me falava das coisas que acontecia na casa dela, discussões com as irmãs, falava do dia a dia fora da escola, no curso de inglês... essas coisas... Eram cartas lindas, coloridas, cheias de post-its, adesivos, clips diferentes... E eu respondia como se fosse a ''escritora de cartas", fazendo o mesmo ritual que o meu pai, mas não na mesa, e sim no quarto, em cima da cama... 

Mais tarde, recebi cartas de outra amiga querida. Fiquei emocionada! Era cheia de carinho. Me senti amada! Pois, já estávamos na fase dos e-mail...

Meu pai faleceu há quase 20 anos, e minha mãe continuou com a tradição dos cartões de Natal. Geralmente são bem simples, com poucas palavras, porém palavras carinhosas. Meu pai faleceu em agosto, e em dezembro ela disse: se estivesse aqui, seu pai enviaria os cartões, então nós vamos enviar por ele... E tem sido assim, ano após ano...

Sinto falta de não ter sido a "escritora de cartas" que sonhei... Sinto falta de escrever cartas... 

Escreva uma carta, de amor, de amizade, de carinho... Pros pais, pro marido ou esposa, pros filhos, pros amigos... pra você mesmo ler no futuro... Resgate esse hábito tão lindo e tão esquecido... ;)

Musiquinhas:




Bitocas
Quel


3 comentários:

  1. Quer receber uma cartinha?
    Deixe seu endereço!

    Bitocas!

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  2. Que lindo, Quel.
    Eu também amo escrever, troquei cartas por muito tempo e ainda guardo algumas.
    Também sinto saudades delas.
    Besitos
    Camila Caro

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